quinta-feira, agosto 25, 2005

Entre flaps e aterragens….

Depois de tanta turbulência, poços de ar, supostas aterragens de emergência, despir de casacos, seguranças e malas em espera, consegui ter no sexto voo de Agosto uma viagem decente…e foi assim de Ponta Delgada a Lisboa. Fiquei comovida de ter proporcionado aos céus uma viagem tão tranquila, porque normalmente onde estou, em matéria de aviões e aeroportos, acontece sempre alguma coisa. Depois de uma aterragem brilhante, tão doce que só os travões anunciaram o toque com a Terra, estava um autocarro de escape paciente, com um motorista reduzido à sua insignificância perante um Air Bus 310.
Agora vem a melhor parte: o que é que pode acontecer de mais ridículo num aeroporto, depois de uma viagem de avião? Morrer de desastre de autocarro. Não podia deixar a minha fama em milhas alheias: não aconteceu nada ao avião, ia acontecendo ao autocarro!...Mas como tudo o que passa comigo tem uma certa ironia, digo-vos que o embate ia sendo com o transporte da bagagem do dito voo. Era a chamada morte de “malas aviadas”.
Pior que morrer de desastre de autocarro numa pista de aviões, é aturar um idiota com a cabeça banhada de gel, a mandar piropos de mau gosto, e eu sem alternativa ter que olhar para aquele cenário de guerra, para aquela cabeça em forma de campo de minas, para aquele sorriso de trincheira convencido que tinha piada e que eu estava a gostar. Vinda do céu estive mais próxima do inferno.