domingo, outubro 02, 2005

Electrodoméstico Dispensável

Hoje resolvi dar uma oportunidade à televisão, olhei para ela e tive pena daquele écran surdo-mudo e em luto constante. Já me arrependi. Fui logo confrontada com uma aberração de programa, um esquadrão qualquer com cinco parvo-alegres de espécie não identificada, a correr atrás de um mastodonte com 116 kilos de músculos e 54 de Q.I. Parece que o mastodonte passava a vida num ginásio a olhar para aquela massa espongiforme e esqueceu-se que tinha família.
Muito sinceramente era melhor que ninguém o tivesse relembrado…mas qual é a mulher que atura um calhau vivo? E aquela pobre criança que tem um pai que só serve para a assustar e eventualmente forçá-la a comer a sopa…à falta de um bicho-papão mais simpático.
Lá tive que ir beber uma água das pedras, daquelas levíssimas e atacar os Kompensan…realmente ver aquelas 5 gazelas desvairadas a correr atrás do mastodonte, o mastodonte a ser transformado em bisonte educado, a mulher a dançar a valsa…Feliz da criança que já dormia.
Como um mal nunca vem só…e porque mudar de canal traz sempre consequências, lá tive que encarar mais uma afronta. Refiro-me agora a um bando de anormais vestidos de tropa, a brincar às guerras. Quando o sistema de defesa militar serve um reality-show, já nada me surpreende, muito brevemente deveremos ter um bando de candidatos a brincar às presidenciais, e já agora o governo podia ceder o Palácio de Belém para cenário. Deixo mais uma sugestão, inventem outro com juízes e tribunais…assim também podem brincar com a Justiça e fica o ciclo completo.
Não sei se vivo num País, se na Feira Popular. Continuem a “estupidificar” as massas, a ocupá-las e a distraí-las daquilo que é realmente importante. Esta democracia encapotada é de um requinte extremo, continuamos a viver de uma elite bem informada que controla e gere (como o faz, não se sabe) o País, as opiniões e a iliteracia do povo português.
Já pensei converter a televisão em aquário, pelo menos os peixes não têm memória, são desinteressantes…mas não prejudicam.