quinta-feira, agosto 04, 2005

Há quem prefira os talheres de peixe…

Andam a fechar jornais. Parece que o “formato papel” está seriamente ameaçado; entre telemóveis, Internet e televisão: venha a notícia e escolha.
A crise já se manifestava quando na compra do jornal tínhamos a hipótese de fazer enxoval, cinemateca, enciclopédias, forrar a casa de tapetes, coleccionar roupa, ganhar coletes reflectores e sacos de praia. Ninguém consegue avaliar o número de leitores, se a maior parte compra o jornal para ter direito a um talher de peixe. Se um jornal que se destina a informar, precisa de uma toalha de praia para ser vendido, provavelmente a toalha de praia será o motivo da compra do jornal…este servirá para forrar caixotes ou limpar os vidros.
Mais um indicador da crise é a quantidade de fotografias/imagens que os jornais ocupam em cada página, já ninguém tem paciência para juntar palavras e ler frases, informação rápida é o que se quer. Uma boa fotografia da guerra do Iraque, desde que identificada é o suficiente: é uma guerra e estão lá os americanos. Na realidade já ninguém se preocupa muito com as causas e as consequências, procuram apenas os factos, a informação instantânea.
Muito brevemente os jornais da “nossa praça” terão que encontrar ofertas mais sugestivas, como por exemplo um bilhete para um concerto ou para o teatro, ou até uma visita a um museu, para que os leitores voltem a ser leitores e deixem de ser coleccionadores.